quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Meus Oito Anos. Oh que Saudade...

Meus Oito Anos é um poema, muito bem escrito por Casimiro de Abreu. Ele é mais ou menos assim:

Meus Oito Anos.
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !

Como são belos os dias
Do despontar da existência !
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor !

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar !
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !

Oh ! dias de minha infância !
Oh ! meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã !

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis !

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar !

Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Casimiro de Abreu.

Casimiro José Marques de Abreu nasceu e morreu em Barra de São João, no Estado do Rio de Janeiro. Filho de um imigrante português enriquecido às custas do comércio, Casimiro estudou em Nova Friburgo e depois foi para Lisboa, contra a própria vontade, estudar comércio. Em Lisboa entrou em contato com o meio intelectual, mas logo adoeceu e retornou ao Brasil, onde iniciou sua produção literária. 
Escreveu para alguns jornais e graças a essa tarefa conheceu Machado de Assis. Em 18 de outubro de 1860, quando tinha apenas 21 anos, faleceu vítima de tuberculose. A poesia de Casimiro de Abreu é marcada por dois traços fundamentais: o pessimismo decorrente do mal-do-século e o saudosismo nacionalista, que se revela na melancolia produzida pela saudade da terra natal e da infância.
Graças a um lirismo já gasto, às rimas repetitivas e a uma linguagem simples, Casimiro de Abreu transformou-se em um dos poetas mais populares do Romantismo brasileiro. De toda a sua produção poética, que está reunida na obra "As Primaveras" (1859), destaca-se o poema "Meus oito anos".

Esse justo poema foi marca registrada de um famoso e talentoso ator: 
Paulo Autran. Que o declamava com grande perfeição.

Paulo Paquet Autran nasceu em 7 de setembro de 1922, no Rio de Janeiro, mas foi criado em São Paulo, onde se formou em Direito, por insistência de seu pai, que era delegado da polícia. Consagrado ator de teatro, cinema e televisão, ele deixou sua marca em todas as mídias, tendo começado sua carreira nos palcos amadores.
Na TV, o ator é muito lembrado pela antológica cena em que ele e Fernanda Montenegro, interpretando Otávio e Charlô, brigam fazendo uma bagunça na mesa de café da manhã, na novela "Guerra dos sexos", de Sílvio de Abreu, de 1983. Em 2005, ele participou do filme "A máquina", versão para o cinema do texto de Adriana Falcão, e lançou a fotobiografia "Paulo Autran sem comentários", em que falou de sua trajetória a partir de textos e fotos de peças em que atuou.
Paulo Autran.
Paulo Autran morreu no dia 13 de Outubro de 2007, aos 85 anos, por causa de uma enfisema pulmonar e um câncer no pulmão. 

Uma imensa perda para o teatro, televisão e cultura Brasileira.
Boa Leitura!


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